terça-feira, 8 de março de 2011

A Era do Circo




Que coisa...
A vida inteira fui fã dos desfiles na Sapucaí...
É verdade que muito mais no passado... porque com o tempo parece que tudo que é muito "empolgante", "vibrante" vai perdendo a força na vida da gente...
Bem, mas meu apreço pelos desfiles era realmente grande. Grande a ponto até de parar pra estudar enredos, quesitos, batidas, variações, escolas, etc...além de me divertir muito carnavalescamente falando é claro...
E quanto a coisa toda já vinha meio que perdendo o folêgo, e até porque fiz outras escolhas na minha vida, surge Paulo Barros.
Desde que vi um trabalho seu pela primeira vez fui impactada. Quando a Unidos da Tijuca desfilou entre as campeãs pela primeira vez graças a seu talento, fui assisitir- em parte também por que a Vila foi campeã.
Confesso que achei os carros horrendos. Tinha um de um bebê gigante que foi a alegoria mais feia que já vi na vida.
Mas estava ali uma maneira de fazer desfile que iria marcar o carnaval da Sapucaí definitivamente.
Hoje vemos o famoso "estilo Paulo Barros" presente em quase todos os desfiles do Grupo espeial carioca.
Quer ver? É muito fácil identificar, toda vez que você vir elementos de circo na avenida é o tal estilo.
Nãããõ. Não é ver uma ala de palhaços não.
Quando você vir, no centro da cena, um malabarismo,mágica, explosões, correrias, careta,trapezistas você está encarando o estilo Paulo Barros "de ser".
E qual o problema disso?Nenhum e todos.
Nenhum porque é só um novo jeito de fazer carnaval, é impactante, diverte, alegra, cumpre a função primeira e mais pura do carnaval que é divertir.
Como espetáculo , que é a função preponderante do ponto de vista puramente comercial , também não há problema.
O público vibra,  e a coisa realmente impressiona.
Os problemas começam a aparecer quando a gente pensa no lado artístico e alegórico dos desfiles.
Vamos lá, as melhores definições que encontrei por aí de arte, dizem respeito à forma do homem expressar suas emoções, sentimentos,e eu ainda acrescentaria a palavra criativamente.
Então eu pergunto, de alguma forma, após assistir os desfiles da Tijuca você enxerga os sentimentos do Paulo Barros ali?
Quando eu vejo uma engenhoca  tubarão que remete ao filme homônimo, "engolir" alguém numa alegoria (e aí entramos no nosso segundo problema), a cena em si, os materiais utilizados traduzem a emoção, sentimento expresso de forma criativa de alguém? Acho que não...
O outro problema diz respeito ao que é alegórico. E afinal, o que vem a ser?
Bem, diz o meu Dicionário Silveira Bueno, que alegoria é uma representação simbólica de um objeto ou de uma realidade.
Eu arriscaria dizer-tomara que não erre- que ser alegórica é uma das caracterísiticas da arte ou das manifestações artísticas.
Lembre-se que o desfile premia entre outros ítens, alegorias e adereços.
Alegorias são os carros das escolas.
Então eu pergunto a você: eu posso colocar disco antigo de vinil para rpresentar dico de vinil?^
Eu penso que não, pela simples razão de não ser alegórico .
Além de abrir um precedente terrível. Este ano tinha uma escola que colocou em cima de uma alegoria uma tonelada de uvas, que queriam representar o que? Uvas!
Na minha opinião, esse carro não deveria ser sequer julgado.E ainda pergunto: é arte?
Agora pense: pode o carnaval tradicional (leia-se todos os demais carnavalescos) competir com isso?Eu penso que não.
Rosa Magalhães, Max Lopes, (só para citar dois) são artistas, trabalham cercados de (bons) artistas, escultores, carpinteiros, pintores.. verdadeiros gênios anônimos.
Você pode até não gostar dos desfiles deles, mas seus carros são um primor, e todos são alegorias.
Não tem uva representando uva, não tem cavalo representando cavalo, etc...
Isso envolve muito trabalho de criação, pesquisa, execução, efeito de materiais etc...
Então, passamos a um problema novo que esse tipo de inovação trouxe: o da inadequação dos quesitos.
Como ficam então os quesitos? Deveriam , em minha modesta opinião serem revistos.
E mais , o do espaço. O Sambódromo é espaço ideal para esse tipo de desfile?
Sei não... acho que o Kingkong do Salgueiro tem muito a nos dizer sobre isso...
Quero deixar claro que não nego de jeito nenhum que as inovações trazidas por esse novo carnaval foram um verdadeiro oxigênio na avenida.
De fato, havia espaço para o novo. Ansiávamos por isso.
Mas creia, acho que esse novo é velho pra caramba., só parece novo, mas no fundo.. é circo!

Nenhum comentário:

Postar um comentário